Pará tem 2,8 mil internações em dois meses por falta de saneamento que impactam o SUS e aumentam a pressão no combate à Covid-19

25/05/20 – Levantamento mostra que doenças como diarreia, gastroenterite, dengue e outras ocupam leitos imprescindíveis ao combate da epidemia hoje

Entre janeiro e fevereiro, o Pará teve 2,8 mil internações no SUS devido a doenças provocadas pelo saneamento. Os dados são de levantamento da ABCON (Associação Brasileira das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto, com base em informações atualizadas do Datasus.

São leitos que poderiam ser destinados ao tratamento de pacientes de Covid-19, mas que acabam sendo utilizados para ocorrências médicas que já deveriam estar erradicadas, se tivéssemos os serviços de água e esgoto universalizados. Entre as doenças que levam a essas internações estão diarreia, gastroenterite, amebíase e outras doenças infecciosas intestinais, além de dengue clássica e outras enfermidades.

As operadoras de saneamento, consideradas serviços essenciais, cobrem apenas parte da população com coleta e tratamento de esgoto. Dados do IBGE divulgados neste mês revelam que 18,4 milhões de brasileiros não recebem água encanada diariamente. Estima-se, pelos dados do SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, que 100 milhões de pessoas não têm acesso ao tratamento de esgoto.

Saneamento, saúde e economia

Além de garantir melhores condições de saúde pública, o saneamento possui enorme potencial para alavancar a retomada econômica pós-pandemia. Estudo da consultoria KPMG realizado para a ABCON estima que o investimento necessário para universalizar os serviços do setor em 12 anos é de R$ 750 bilhões, com forte impacto na atividade econômica e criação de emprego em regiões que necessitam de postos de trabalho.

Em tramitação no Senado, após aprovação na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 4162 é considerado por especialistas do setor uma medida urgente para destravar esse investimento. O PL 4162 propõe um marco legal para o saneamento com regulação federal centralizada na Agência Nacional de Águas, maior competição entre as empresas operadoras do serviço e abertura para a concessão no modelo de blocos de municípios, o que favorece o atendimento em cidades de menor porte, para garantir a universalização.

Enquanto outros setores de infraestrutura sofrerão com choques negativos de demanda por conta da pandemia e as medidas de isolamento social, o saneamento, em termos pragmáticos, não sofrerá mudança estrutural. Abastecimento de água e coleta e tratamento de esgoto não sofrem quedas bruscas com a pandemia. O setor é um monopólio natural com contratos de cerca de 30 anos, ou seja, sua potencialidade de retorno permanece.

 

Fonte: ABCON – www.abconsindcon.com.br